

Por que nós precisamos de outras pessoas?
Como um homem aprendeu o valor da prestação de contas
#Discipulado
Eu sempre quis me parecer como Arnold Schwarzenegger. Não como o governador da Califórnia, mas o Arnold fisiculturista, do pescoço para baixo.
Minha solução rápida para me tornar parecido com o Arnie repousa numa fantasia onde outro cara faz toda a musculação e então transfere sua barriga tanquinho e sua cintura de 75 centímetros para a minha estrutura flácida através de uma invenção milagrosa semelhante ao teleporte do filme Star Trek.
Poof! Eu acabei de ganhar 50 centímetro de bíceps.
Quando cheguei nos 40 anos, com o açúcar no sangue subindo e encarando o futuro numa calça jeans tamanho 38, eu estava trabalhando em um seminário na África. Um dos meus cooperadores era um artista gráfico de 24 anos chamado Inocente, que mais parecia ter acampado em um aparelho de musculação.
Inocente deu um tapa na minha barriga e disse “Velho, quando você vai fazer alguma coisa pra tirar essa pança?”
Acredite em mim, eu tenho tentado. Exercícios. Dietas. Fracasso.
Porém Inocente me desafiou a encontrá-lo na academia toda manhã antes de trabalhar para reverter quatro décadas de distúrbio metabólico de um norte americano.
Ele planejou um programa “para conseguir resultados” e respirou no meu pescoço para ter certeza que eu levantei o peso com técnica apropriada, completando cada repetição. Eu desenvolvi dores que me fizeram questionar se eu tinha câncer no tórax.
Inocente apenas continuou pegando pesado e eu perdi 9 quilos. Ele me ajudou a fazer algo que eu fracassei quando tentei sozinho. Inocente também queria que eu o ajudasse a crescer espiritualmente, e isto me motivou a tomar café da manhã na academia.
Basicamente nós dissemos um ao outro “Eu preciso de você e você precisa de mim”.
Nós desenvolvemos um relacionamento de prestação de contas.
Assim como o ferro afia ferro, Inocente e eu ajudamos um ao outro a ser bem sucedido onde nossos esforços individuais tinham falhado. Deus deseja que cristãos vivam em comunidade, carregando as cargas um dos outros, combatendo juntos, assim como Paulo diz em Colossenses 1:28-29, para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo.
Mais do que ser um aspirante a fisiculturista, minha primeira paixão é andar nessa vida de uma forma que honre a Deus. Eu quero crescer espiritualmente, emocionalmente e socialmente, verificando a tendência da minha natureza humana que deseja andar longe de Deus e mergulhar em um comportamento destrutivo.
Eu quero uma vida abundante de amor, alegria, paz e domínio próprio.
Todos essas são ótima palavras e incríveis metas. Mas eu preciso de força e sabedoria de outros crentes para experimentar Deus em sua plenitude.
“Cristãos conhecem a Bíblia muito mais além do que eles planejam obedecê-la”, disse o autor Josh Maxwell. “Não precisamos de mais comida, nós precisamos de mais exercícios”.
Eu acho que Deus nos permite ter fraquezas para nos manter dependente dEle – e necessitar de outras pessoas.
Eclesiastes 4:9-12 é um modelo para esses tipos de relacionamentos. Lá diz que pessoas que caminham juntas podem produzir fruto espiritual (v.9) experimentar restauração espiritual (v.10), injetar zelo espiritual (v. 11), e, talvez o mais importante, proporcionar proteção espiritual contra nosso inimigo em comum – satanás (v. 12).
“Ainda que Cristo viva em você, e mesmo se você for um discípulo comprometido, há momentos que a tentação será quase insuportável”, disse Charles Colson, fundador da Prison Fellowship. “Precisamos lembrar que somos criaturas auto iludidas, completamente capazes de racionalizar os piores pecados, assim como os cristãos”.
Ano passado, eu voltei para os EUA, deixando para trás relacionamentos poderosos de prestação de contas desenvolvidos num período de 2 décadas de ministério em Nairobi, Quênia.
Quatro quenianos me ajudaram a crescer como um missionário eficaz na cultura deles, mas também me impulsionaram a cultivar um casamento piedoso.
Dois desses homens foram George e James, eles me encontravam num café, antes do trabalho, na maioria das manhãs de quinta-feira.
Nos permitimos a entrar nas áreas mais fracas uns dos outros. Eu não posso te dizer quais foram, devido ao sigilo que é padrão num relacionamento de prestação de contas, mas nós utilizamos uma série de questões que discutíamos entre omeletes e café queniano:
1 – Como você está crescendo no seu relacionamento com Cristo?
2 – Você se sente emocionalmente atraído ou vulnerável por alguém que não seja sua esposa?
3 – Você provém tempo e prioridade adequada para sua esposa e filhos?
4 – Você tem sido diligente em áreas de disciplina pessoal, como dieta, exercício, oração, domínio próprio, fofoca?
5 – Qual o progresso você está fazendo em relação aos seus objetivos de vida?
6 – Você tem observado alguma coisa em minha vida que necessita expor?
7 – Você mentiu para mim em algumas dessas respostas?
Muitas vezes nós sonhamos juntos sobre algumas metas de vida e desafiamos uns aos outros a buscar ideias maiores que as nossas. Nossos encontros criavam uma atmosfera de amor incondicional e aceitação que nos permitiu compartilhar abertamente nossas dificuldades.
Porém uma boa prestação de contas é mais que uma série de perguntas; trata-se de desenvolver relacionamentos que continuam a crescer.
Longevidade produz segurança. Nós nos encontramos ocasionalmente durante 15 anos, nossos relacionamentos evoluíram assim como nossos estágios de vida mudaram.
De volta aos EUA, estou plantando uma nova vida e pedindo a Deus por um grupo de homens que irão me ajudar a continuar a vivê-Lo, mantendo-me responsável para crescer espiritualmente.
Minha persistência na academia acabou quando Inocente conseguiu um emprego em Dubai. Mais uma vez estou encarando uma calça jeans tamanho 38. Parece que preciso da ajuda de um irmão para me manter em forma.
Porém minha cintura está longe de ser tão valiosa quanto a minha vida espiritual. Andar com Deus significa comunhão com os outros.
Sozinho, eu não conseguiria fazer nada.
Bill Hunt